Veja Como a Linguagem Corporal é Fundamental numa Entrevista de Emprego

Quando comunicamos, os gestos, as expressões faciais e a postura corporal transmitem tanto, ou mais, a mensagem que queremos passar como aquilo que dizemos. Aliás, alguns estudos científicos dizem que a linguagem corporal vale mais de 60% do processo de comunicação.

Porém, desde crianças que somos ensinados a prestar atenção à forma como escrevemos e às palavras que utilizamos nos discursos mas não somos educados a utilizar o nosso corpo e face de forma a dar significado adicional às palavras que usamos.

Numa entrevista de emprego a linguagem corporal tem ainda mais impacto, pois pode influenciar o sucesso ou não da mesma.

A forma como o corpo se manifesta poderá reforçar o que está a dizer ou fazer exatamente o contrário, contradizer as palavras que profere.

Ao enviar mensagens contraditórias a credibilidade do entrevistado pode sair beliscada e transmitir uma imagem de insegurança.

Por exemplo, as pessoas que procuram emprego, por vezes, estão tão traumatizadas pela procura que podem transparecer negatividade mesmo quando estão a falar dos seus pontos fortes e essa ansiedade pode revelar rigidez e falta de segurança.


Tudo isto pode ser treinado sem correr o risco de parecer artificial e pouco sincero, diz-nos António Sacavém, especialista em linguagem corporal e fundador da Microexpressões Faciais.

 “Costumo dar o seguinte exemplo: Quando aprendemos a conduzir parece-nos quase impossível conjugar o pisca, o volante, o acelerador e o travão, porque estes movimentos não estão articulados, mas passado algum tempo já conduzimos “sem pensar” enquanto temos uma conversa com o passageiro do lado”, diz o especialista.

É isto que acontece com a linguagem corporal.
É necessário treinar a interiorização do que dizemos com aquilo que o corpo manifesta e, ao longo do tempo, esse processo passa para níveis subliminares.
“Através do trabalho do esquema mental emerge a autenticidade, mas primeiro é preciso treinar”, prossegue.

Linguagem corporal: Primeira impressão

“Não há uma segunda oportunidade para criar uma primeira impressão”, diz-nos a sabedoria popular e numa entrevista de emprego esta máxima aplica-se na perfeição.

É o momento da verdade. Quando o entrevistador toma contacto, pela primeira vez, com inúmeros candidatos e a primeira impressão tirada nos primeiros seis segundos é crucial, pois vai influenciar tudo que acontece a seguir.

Ainda não houve uma palavra dita, mas já há uma impressão definida.
Nesta fase já não se pode esconder atrás de um currículo bonito e bem feito, a comunicação é preponderante, sobretudo a integração entre a verbal com a não-verbal.

“Há um conjunto de gestos que acontecem sem ter havido conversa, como a forma como a pessoa se dirige ao entrevistador: vai a olhar para baixo ou vai procurando focar nos olhos da pessoa com quem vai comunicar?

Vai com um passo decidido e firme ou indeciso? Vai com o tronco direito ou curvo?”, Explica António Sacavém.
É importante andar com um passo decidido, ir com o corpo direito e olhar para a frente, estabelecer algum contacto visual ainda que seja à distância.

A face deve estar descontraída, mas transmitir um sorriso de atitude positiva. “Depois há a questão do aperto de mão, este deve firme.

Porém, um homem deve evitar apertar demasiado a mão de uma mulher e deve também evitar o aperto de mão ‘peixe molhado’ – ter a mão suada ou muito fria ou mole, porque transmite fraqueza”, prossegue o especialista.



Corpo em sintonia com as palavras

Numa segunda fase, a primeira impressão está estabelecida. O candidato senta-se e vai começar a comunicar.

“É importante salientar que os recrutadores cada vez menos utilizam as grandes secretárias para que possam ver a totalidade da linguagem corporal, nomeadamente para perceber se está à vontade e confiante”, diz o fundador da Microexpressões Faciais.
Para transmitir uma imagem de confiança, é importante que se sente bem, com o tronco direito, ligeiramente inclinado para a frente. Evite estar para trás na cadeira, com uma linguagem corporal demasiado descontraída, com os braços caídos.

Como ter os braços e pernas

Ter as pernas cruzadas é sinal de insegurança? “Isso é um mito!”, responde prontamente António Sacavém.

“Remontando à evolução do homem, o nosso sistema límbico, que controla as emoções, não nos permite estar com as pernas cruzadas quando estamos diante de perigo.

Logo é um sinal de confiança e de conforto psicológico”, prossegue. Deve-se, no entanto, evitar o cruzamento “do quatro”, típico dos homens em que se cruza as pernas com o tornozelo sobre o joelho, porque é um movimento que pode indicar uma postura de conquista de território e estando no papel de candidato não é aconselhável.
Já no que diz respeito aos braços, a questão é outra. Numa entrevista de emprego deve evitar ter os membros superiores cruzados, sobretudo se previamente as mãos estavam em cima da mesa, “porque isso dá uma informação muito clara que está a defender-se.

Não é o braço cruzado em si, é o movimento de ter cruzado os braços naquela altura em que senti desconforto”, explica.

As mãos: uma parte fundamental

As mãos têm um peso enorme e devem estar sempre à vista, porque é uma forma de transmitir credibilidade.

“Como vi em muitas entrevistas de emprego, há candidatos que metem as mãos por baixo das pernas, escondidas debaixo da mesa, nos bolsos ou por baixo das axilas, com os braços cruzados, tudo isso são sinais que está a sentir desconforto psicológico e se acontecer em determinado momento, pode significar incongruência entre o que o corpo diz e o que está a sentir”, diz António Sacavém.

Por causa dessa linguagem corporal, do outro lado o entrevistador pode questionar se a pessoa está a dizer a verdade ou a mentir.

Se está a ser incongruente é porque não está a querer contar a história toda e nestes casos é importante explorar através do discurso verbal onde está a incongruência.
Assim, as mãos devem estar sempre visíveis, descontraídas e em cima da mesa. Ou então, sobre o colo.

A linguagem é descontraída mas natural, “porque se fizer os movimentos certinhos, tal e qual aconselhamos mas a linguagem corporal for rígida, está na mesma a transmitir desconforto psicológico”.


Cara: estabelecer contacto visual

Relativamente à face, deve procurar ter uma expressão alegre e positiva (sem ser em demasia), deve acenar-se que “sim” com a cabeça e estabelecer um contacto visual – numa conversa estabelecemos contacto visual entre 30 a 60% do tempo. “Se bem que não deve ser excessivo, porque pode revelar dominância territorial.

A coisa deve fluir de forma natural”. Se for extrovertido e tiver tendência para olhar nos olhos, terá de fazer um esforço consciente para desviar os olhos e vice-versa.
Se o entrevistador estiver a dizer algo com o qual concorda, poderá olhar para baixo em sinal de comunhão, nomeadamente se o assunto for valores, princípios de emprego ou visão da empresa.

Porém, se o que está a ouvir não agradar, tem duas opções: “Se quer demonstrar que não está em sintonia, sem ferir suscetibilidades, pode simplesmente olhar para baixo com uma face neutra”, diz António Sacavém.

Nunca dizer que não, nunca interromper. Por outro lado, se não gostou de que ouviu, mas não o quer transmitir, “isso já é procurar congruência na incongruência.

O melhor é continuar a estabelecer contacto visual e manter o sorriso”, prossegue o especialista.

“Se não conseguir, pode tentar abanar com a cabeça e dizer que sim, mas isto é muito difícil, porque se está a sentir desconforto e discórdia e procura transmitir estes sinais, ou é um excelente ator ou então não vai fazê-lo de forma congruente”, remata.


Movimentos positivos
– Todos os movimentos anti-gravíticos são positivos porque sempre que desafia a gravidade, transmite confiança e que está num estado pleno de recursos. Esses movimentos são: elevar das sobrancelhas, para reforçar o que está a dizer, falar com os dedos entrelaçados e os polegares elevados para cima. “Este movimento transmite abertura e uma atitude positiva e confiante”, prossegue.

– Há outro movimento anti-gravítico, mais subtil, que é elevar os pés, ou seja, deixar o calcanhar no chão e elevar a ponta do pé. Caso exista uma secretária grande a separar o candidato do entrevistador, este movimento não faz sentido, no entanto, “os entrevistadores mais experimentados já procuram visualizar o corpo do entrevistado e este movimento pode ser útil”, prossegue.




Movimentos negativos
– Deve evitar-se a todo o custo os movimentos pacificadores, que são sinais de auto-toque que acontecem depois de um acontecimento significativo, como uma pergunta que não estava à espera e não tinha preparado resposta.

São exemplos destes movimentos o esfregar a nuca, os olhos, a orelha ou as pernas. Os homens têm a tendência de esfregar o pescoço e quando vão de gravata tentar alargar a gola da camisa para criar mais espaço, enquanto as senhoras tendem a levar a mão ao peito.

“Isto acontece por dois motivos: um porque estão na tentativa de se acalmar ou porque têm as mãos suadas e estão a tentar limpar as mãos.

Ambos comunicam desconforto e falta de confiança, precisamente a antítese do que o candidato pretende”, explica António Sacavém.

– Evite também a posição em que um pé está debaixo da cadeira e o outro para a frente, com as mãos na cadeira ou nos encostos de braços, como se fosse a levantar.

“Esta postura pode indicar que está a preparar-se para ir embora e que já não está aqui, dá uma indicação que pode não estar disponível para explorar a oportunidade que lhe estão a dar e quero ir-se embora”, adianta.


 Fonte do artigo: saldopositivo

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